domingo, janeiro 03, 2010

Gestão sem Objectivos


Substituindo a Gestão por Instruções, a Gestão por Objectivos é o modelo tido como resposta a todos os desafios da gestão moderna. Bem, a meu ver, ela tem as seguintes falhas fundamentais quando utilizada nas empresas 2.0:

  • Objectivos limitam a criatividade e a inovação. Se alguém te diz “Ganhas mais X se chegares a Y”, perante a hipótese de chegar a Z, descarta-la imediatamente, mesmo que seja melhor;
  • Objectivos limitam o sentido de equipa porque tendem a ser quantitativos e facilmente vistos como mutuamente exclusivos entre colegas. Trabalho em equipa não é compatível com rivalidade;
  • A qualidade dos objectivos é limitada à capacidade de quem as define - tipicamente os chamados “Gestores”. Habilitações académicas são a regra, qual é a competência específica que torna um Licenciado em Gestão perito em definição de objectivos para um Engenheiro de Software?
Um verdadeiro líder é aquele que consegue incubar outros.

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sábado, setembro 22, 2007

Johnny Cash - Hurt

I hurt myself today
to see if I still feel
I focus on the pain
the only thing that's real
the needle tears a hole
the old familiar sting
try to kill it all away
but I remember everything
what have I become?
my sweetest friend
everyone I know
goes away in the end
and you could have it all
my empire of dirt

I will let you down
I will make you hurt

I wear this crown of thorns
upon my liar's chair
full of broken thoughts
I cannot repair
beneath the stains of time
the feelings disappear
you are someone else
I am still right here

what have I become?
my sweetest friend
everyone I know
goes away in the end
and you could have it all
my empire of dirt

I will let you down
I will make you hurt

if I could start again
a million miles away
I would keep myself
I would find a way

domingo, setembro 02, 2007

Qualidade de vida

"(...) qualidade de vida não é o todo-o-terreno para o engarrafamento matinal cinco dias por semana, nem poupar no preço daquilo que se come para se gastar naquilo que se mostra. Qualidade de vida não são os quatro apelidos e três nomes próprios do filho varão, nem a lista de dois anos para a creche, nem o T1 de luxo entrincheirado no horror paisagístico que caracteriza a periferia portuguesa em geral (...). Qualidade de vida não é a música que bate na cabeça no sábado à noite, a amena cavaqueira com o copinho de uísque na mão, o livro que não se lê, a decisão que não se toma.

QUALIDADE DE VIDA É TER UM SONHO E VIVER POR ELE! (...)"

in Planisfério Pessoal

sexta-feira, junho 08, 2007

Please, bleed.

Make me feel like a beggar
Make me feel like a thief
Make me feel like a battle, that cannot end in peace
Make me feel like running, as if Ive lost my nerve
Make me feel like crying, tears I dont deserve

Please bleed
So I know that you are real
So I know that you can feel
The damage that youve done
Who have I become
To myself I am numb, I am numb, I am numb

Is this really living? sometimes its hard to tell
Or is this a kind of gentler hell?
Turn out the lights
And let me stare into your soul
I was born and bled for you to hold

Please bleed
So I know that you are real
So I know that you can feel
The damage that youve done
Who have I become
To myself I am numb, I am numb, I am numb

Never said thank you
Never said please
Never gave reason to believe
So as it stands
I remain on my knees
Good lovers make great enemies

Please bleed
So I know that you are real
So I know that you can feel
The damage that youve done
Who have I become
To myself I am numb, I am numb, I am numb

Ben Harper

sábado, junho 02, 2007

Rotina

Acorda. Levanta. Acorda. Levanta.
Desperta, quase sem espreguiçar, e levanta.
Levanta quase sem acordar e corre.
Corre meio sem saber para onde e chega.
Chega meio sem saber para quê e volta.
Volta meio sem saber de onde e corre.

Nunca, por mais que viaje, por mais que conheça
O sair de um lugar, o chegar a um lugar, conhecido ou desconhecido,
Perco, ao partir, ao chegar, e na linha móbil que os une,
A sensação de arrepio, o medo do novo, a náusea –
Aquela náusea que é o sentimento que sabe que o corpo tem a alma,
Trinta dias de viagem, três dias de viagem, três horas de viagem –
Sempre a opressão se infiltra no fundo do meu coração.

Alvaro de Campos (Fernando Pessoa)

Rotina

Passamos pelas coisas sem as ver,
gastos, como animais envelhecidos:
se alguém chama por nós não respondemos,
se alguém nos pede amor não estremecemos,
como frutos de sombra sem sabor,
vamos caindo ao chão, apodrecidos.

Eugénio de Andrade

terça-feira, maio 08, 2007

O Aborrecimento e a Agitação

Uma das características essenciais do aborrecimento consiste no contraste entre as circunstâncias presentes e outras mais agradáveis que exercem uma força irresistível sobre a imaginação. É também essencial que as faculdades do indivíduo não estejam inteiramente ocupadas. Fugir diante de inimigos que pretendem tirar-nos a vida, deve ser desagradável, mas certamente não é aborrecido. Um homem também não se sente aborrecido quando é executado, a não ser que tenha uma coragem quase sobre-humana. Da mesma maneira nunca ninguém bocejou ao pronunciar o seu primeiro discurso na Câmara dos Lordes, salvo o falecido duque de Devonshire, que por isso mesmo se tornou célebre. O aborrecimento é essencialmente um desejo frustrado de aventuras, não necessáriamente agradáveis, mas pelo menos de incidentes que permitam à vítima do tédio distinguir um dia dos outros dias. O oposto do aborrecimento é, numa palavra, não o prazer, mas sim a agitação.

Bertrand Russell, in "A Conquista da Felicidade"

sábado, abril 28, 2007

Poema à mãe

No mais fundo de ti,
eu sei que traí, mãe.

Tudo porque já não sou
o menino adormecido
no fundo dos teus olhos.

Tudo porque tu ignoras
que há leitos onde o frio não se demora
e noites rumorosas de águas matinais.

Por isso, às vezes, as palavras que te digo
são duras, mãe,
e o nosso amor é infeliz.

Tudo porque perdi as rosas brancas
que apertava junto ao coração
no retrato da moldura.

Se soubesses como ainda amo as rosas,
talvez não enchesses as horas de pesadelos.

Mas tu esqueceste muita coisa;
esqueceste que as minhas pernas cresceram,
que todo o meu corpo cresceu,
e até o meu coração
ficou enorme, mãe!

Olha - queres ouvir-me? -
às vezes ainda sou o menino
que adormeceu nos teus olhos;
ainda aperto contra o coração
rosas tão brancas
como as que tens na moldura;

ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
no meio de um laranjal...

Mas - tu sabes - a noite é enorme,
e todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
dei às aves os meus olhos a beber.

Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.

Boa noite. Eu vou com as aves.

Eugénio de Andrade (1923 - 2005)